quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sobre a raiva

Não nos damos conta que, se temos tendência à aversão e à agressão, os inimigos começam a aparecer por todos os lados. Encontramos cada vez menos coisas para gostar nos outros e cada vez mais coisas para odiar. As pessoas começam a nos evitar e ficamos mais isolados e solitários. Às vezes, enfurecidos, cuspimos palavras ásperas e ofensivas.

[...] Quando você deixa a aversão e a raiva tomarem conta de você, é como se, tendo decidido matar uma pessoa jogando-a em um rio, você se agarrasse ao pescoço dela, pulasse na água e os dois morressem afogados. Ao destruir seu inimigo, você também se destrói.

É muito melhor dissipar a raiva antes que ela possa conduzir a um conflito maior, respondendo a ela com paciência. Compreender a responsabilidade que temos por aquilo que nos acontece ajuda a fazer isso. Tratamos nossa ligação com alguém que percebemos como um inimigo como se saída do nada.

[...] Em vez de procurarmos os defeitos dos outros, dirigindo nossa raiva e aversão contra situações que pensamos estar nos ameaçando, deveríamos lidar com o verdadeiro inimigo.

Esse inimigo, que destrói nossa felicidade a curto prazo e nos impede, em uma perspectiva mais longa, de alcançar a iluminação, é a nossa própria raiva e aversão. Se as vencermos, não haverá mais brigas, pois deixaremos de perceber como inimigos os nossos oponentes -- um grande retorno por pouco esforço. Tanto nós quanto eles teremos cada vez menos probabilidades de reincidir em situações que possam levar a um conflito. Todos saem ganhando.

Chagdud Tulku Rinpoche


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