segunda-feira, 23 de maio de 2011

Angulimala 2003SubEsp




Durante o reinado do Rei PASSENÁDI, do grande e poderoso Reino de KOSSALÁ, o segundo maior domínio à época do Buddha. No palácio real o Chefe dos Sacerdotes e sua mulher tiveram um filho e, segundo as previsões astrológicas ele teria um futuro terrível, destinado a se tornar um ladrão… Tentando impedir isto, o pai deu-llhe o nome de AHÍMSAKA, que significa algo como “o inofensivo” ou “o anti-violência”.

A criança cresceu, tornando-se alto e extremamente forte, um verdadeiro gigante! Embora seus pais, em lealdade ao rei, tenham até mesmo sugerido seu assassinato, o Rei Passenádi deixou que Ahímsaka permanecesse no palácio e, na idade correta, o jovem foi enviado para a melhor Universidade do reino, na cidade de Taxila. onde logo se destacou como o melhor de todos os estudantes.

Invejosos, os alunos da Universidade viviam perseguindo e tentando prejudicar Ahímsaka e, só não o confrontavam fisicamente por causa de sua imensa força e tamanho. Mesmo assim, estavam sempre pensando em um modo de prejudicá-lo e, vendo que ele era o predileto do diretor da Universidade e frequentava a casa dele, decidiram sujar a reputação de Ahímsaka junto ao diretor. Inventaram que havia um relacionamento sexual entre Ahímsaka e a bela esposa do diretor.

Enfurecido, mas sem saber como se vingar de Ahímsaka, o diretor da Universidade pensou em assassiná-lo, mas achou que isso não seria prudente e comprometeria sua elevada posição. Resolveu vingar-se de Ahímsaka de outro modo: Chamou o estudante e disse que ele já estava pronto para se graduar nos estudos, mas, antes, teria que dar uma prova de sua lealdade. O diretor exigiu de Ahímsaka uma prova difícil e cruel! Ele teria que matar 1000 pessoas para provar que era leal e grato pela dedicação com que o diretor o tratara durante tanto tempo. Se não cumprisse a tarefa, perderia a proteção e seria entregue aos cruéis estudantes que tanto o odiavam.

Ahímsaka deixou a Universidade para iniciar sua tarefa. Passou a viver na floresta, à beira das estradas, de onde atacava os desavisados que passavam a pé. Não roubava nada, apenas matava as pessoas e, para contar quantos já havia eliminado, passou a arrancar o polegar direito de cada vítima, pendurando-os numa árvore. Mas, os pássaros começaram a devorar os dedos, então, ele formou um colar de polegares de cadáveres e o pendurou no pescoço, origem do apelido que foi dado a Ahímsaka – ANGULIMALA, que significa “colar de polegares”.

Extremamente forte e excelente lutador, Angulimala passou a ser o terror dos viajantes e o povo de Kossalá passou a cobrar providências junto ao Rei Passenádi.

Logo o monarca decidiu mandar patrulhas para caçar e matar Angulimala. A notícia, porém, chegou aos ouvidos da mãe de Ahímsa, que ainda morava no palácio e ela decidiu procurar seu filho e encontrá-lo antes dos guardas do rei. Desesperada, saiu do palácio rumo à floresta. Nessa ocasião, Angulimala estava desesperado… Faltava apenas mais uma vítima para que ele cumprisse sua tarefa, mas, assustada com o terror nas estradas, a população de Kossalá estava evitando sair em viagem e, assim, a última vítima do assassino estava demorando a aparecer!

Angulimala tomou a decisão de matar a primeira pessoa que aparecesse diante dele, fosse quem fosse! Foi então que sua mãe, angustiada e triste apareceu na floresta, chamando por ele. Atormentado com a idéia fixa de cumprir logo sua terrível tarefa, Angulimala partiu para atacar e matar a própria mãe, e o teria feito, se o próprio Buddha não tivesse aparecido entre os dois…

Aterrorizada, a mãe de Angulimala se levantou e correu, deixando o filho diante do Buddha. Decidido a matar qualquer um, Angulimala achou que seria capaz de matar o Bhagaván. Usando de poderes psíquicos, o Buddha criou a ilusão de que estava correndo e, confuso, Angulimala começou a correr, sem chance alguma de alcançar o Buddha…

“Páre de correr, monge!” gritou o assassino. E o Buddha: “Eu já parei de correr há muito tempo (referindo-se à busca pelo fim das inquietações mentais), só você continua correndo!” Diante desta resposta, Angulimala caiu por terra, cansado e vacilante. Foi a oportunidade ideal para o Buddha dar-lhe o Ensinamento…

Após ouvir o discurso do Buddha, Angulimala, chorando muito, decidiu tornar-se um monge e foi levado pelo Buddha até o acampamento onde estavam os Bhikshús (monges). Lá, Ahímsaka recebeu a ordenação monástica e praticou as virtudes e o cultivo mental com muita dedicação!

Por causa de sua altura e força física, mesmo usando o manto monástico e com a cabeça raspada, toda vez que saía para mendigar alimento, as pessoas o reconheciam. Algumas fugiam apavoradas enquanto que outras, aproveitando de sua condição de monge, na qual não mais poderia reagir, o agrediam, insultavam e jogavam pedras!

Indefeso e ciente de estar pagando por todo o mau karma cometido antes de sua conversão, Ahímsaka aguentava as agressões sem revidar. Enquanto isso, os guardas do Rei Passenádi continuavam à procura do assassino Angulimala e, ouvindo rumores de que o Buddha o estaria abrigando, foram até o acampamento, falar com o Mestre, que era muito respeitado pelo Rei Passenádi, um seguidor dos Ensinamentos do Buddha.

Ouvindo do Mestre que ali não havia assassino Angulimala algum, somente um monge dedicado e sob os cuidados dos monges, os guardas, sabendo do respeito que o Rei tinha pelo Buddha, aceitaram a palavra dele e não levaram Ahímsaka preso.

Mesmo com o perdão do Rei Passenádi, Ahímsaka não escapou da vingança do povo… Certo dia, aramaram para ele uma armadilha e, durante sua ronda solitária para mendigar comida, foi pego de surpresa por uma multidão enfurecida que o apedrejou sem piedade. Ahímsaka, que poderia ter resistido e lutado, preferiu receber as pedradas sem reação alguma. Morreu no entendimento de estar recebendo o pagamento por todas as mortes que causou.

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