quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A VIDA DO HOMEM

Vejamos uma alegoria que retrata a vida humana. Era uma vez, um homem que remava um barco rio abaixo. Alguém que estava na margem o advertiu, dizendo: "Pare de remar tão vigorosamente nesta suave corrente; logo adiante há corredeiras e um perigoso redemoinho, há crocodilos e demônios à espreita nas rochosas grutas. Você perecerá, se continuar".

Nesta alegoria, "suave corrente" representa a vida de luxúria; "remando vigorosamente" significa dar vazão às paixões; "corredeiras adiante" é o subsequente sofrimento e dor; "redemoinho" representa o prazer; "crocodilos e demônios" referem-se à decadência e morte que seguem a vida da luxúria e da indulgência aos maus desejos; "Alguém na margem", que adverte, é Buda.

Eis outra alegoria. Um homem que havia cometido um crime fugia à perseguição dos guardas. Tentou se esconder, descendo em um poço agarrando-se nas trepadeiras que cresciam em seus bordos. Quando descia, viu no fundo do poço, umas víboras; refreou então sua descida, agarrando-se e sustentando-se firmemente na liana. Depois de um tempo, quando seus braços começaram a se cansar, ele viu dois camundongos, um branco, outro preto, roendo a liana.

Se a liana se partisse, ele cairia, seria picado pelas víboras e pereceria. De repente, porém, olhando para cima, viu uma colmeia, de onde, ocasionalmente, gotejava mel. O homem, esquecendo-se dos perigos que corria, provou o mel com satisfação.

O homem significa todo aquele que nasce para sofrer e morrer sozinho. Os guardas e as víboras representam o corpo com todos os desejos. As Lianas significam a continuidade da vida humana. Os dois camundongos, um branco, outro preto se referem ao escoar do tempo: os dias e as noites e o passar dos anos. O mel simboliza os prazeres físicos que iludem o sofrimento.

Eis ainda outra alegoria. Um rei colocou quatro víboras numa caixa e a confiou à guarda de um criado. Ele lhe recomendou a tratar bem das serpentes e o advertiu que seria morto se a elas maltratasse. O criado, aterrorizado, decidiu jogar a caixa e fugir.

O rei mandou em seu encalço cinco guardas que dele se acercaram e, amistosamente, pretenderam levá-lo de volta, mas o criado, não confiando na amabilidade deles, fugiu para outra aldeia.

Então, em um sonho, uma voz lhe dizia que nesta aldeia não havia abrigo seguro e que seis bandidos o atacariam. Aterrorizado, o criado fugiu até chegar a um impetuoso rio que lhe barrou o caminho. Pensando nos perigos que o estavam seguindo, fez uma jangada, conseguiu cruzar a turbulenta corrente e alcançar segurança e paz.

As quatro víboras da caixa são os quatro elementos - terra, água, fogo e ar - que compõe o corpo físico. Este corpo, fonte do desejo e da luxúria, é o inimigo da mente. Portanto esta tenta fugir daquele.

Os cinco guardas que se acercaram amistosamente são os cinco agregados - a forma, o sentimento, a percepção, a vontade e a consciência que formam o corpo e a mente.

O abrigo seguro são os seis sentidos, que não são, apesar de tudo, refúgios seguros, e os seis bandidos são os seis objetos destes seis sentidos. Assim, vendo as ciladas e os perigos nos seis sentidos, o criado fugiu uma vez mais, até à brava corrente dos desejos mundanos, onde, com os bons ensinamentos de Buda, fez uma jangada e sobrepujou, com segurança, a turbulenta corrente.

2 comentários:

  1. Olá Luiz!

    Lindo texto, estou conhecendo o seu blog é muito bom, gostei dos textos, estou aprendendo sobre o Budismo. Vou voltar

    Um abraço e um Ano Novo cheio de realizações

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  2. Obrigado irmã, volte sempre.
    Paz e serenidade para vc

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