O Livro Tibetano dos Mortos parece destinar-se aos mitos, às tradições e aos rituais a respeito de uma pessoa morta, a exemplo de uma obra antiga semelhante, O Livro Egípcio dos Mortos. Mas é muito mais que isso. O Livro Tibetano dos Mortos diz como se deve tratar do nascimento da morte e justamente por esta razão trata de um nascimento e não se baseia na morte em si. Bardo quer dizer intervalo, mas não é apenas o intervalo da suspensão após a morte, mas das suspensões em que vivemos em todas as situações da vida, em experiências cotidianas de paranóias e incertezas. Embora se apresente como uma mensagem que deve ser dita aos que estão morrendo e aos que já morreram, os seus ensinamentos destinam-se especialmente aos que já nasceram. Ele trata então deste espaço que contém o nascimento e a morte, ou seja, o meio ambiente no qual vivemos todas essas experiências. É esse ambiente que inspira o livro, criado pela civilização pré-budista bön do Tibete, para indicar como tratar a força psíquica deixada para trás por uma pessoa morta.
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