sexta-feira, 5 de março de 2010

ORIGINAÇÃO DEPENDENTE


Onde, então, está a fonte de toda a tristeza, da lamentação, do sofrimento e da agonia? Não deve ela ser encontrada na ignorância e na obstinação?
Os homens se apegam obstinadamente à vida de riqueza e fama, de conforto e prazer, de excitamento e egoísmo, sem saber que estes desejos são a fonte do sofrimento humano.
Desde seu princípio, o mundo tem tido uma série de calamidades, além das inevitáveis doença, velhice e morte.
Se, porem, se fizer um acurado estudo de todos os fatos, verificar-se-á que, na base de todo o sofrimento, reside o desejo ardente. Assim, disso se pode inferir que, se a cobiça puder ser removida, o sofrimento humano terminará.
A cobiça é o fruto da necessidade e das falsas interpretações que povoam a mente humana.
Estas ignorância e falsas interpretações surgem do fato de que os homens estão inconscientes da verdadeira razão do suceder das coisas
Da ignorância e falsas interpretações brotam os desejos impuros pelas coisas que, realmente, são incansáveis, mas pela quais os homens, incansável e cegamente, procuram.
Por causa da ignorância e das falsas interpretações, os homens criam discriminações, onde, na realidade, não as há. Inerentemente, não existe discriminação entre o certo e o errado no comportamento humano; mas os homens, por causa da sua ignorância, imaginam tais distinções, julgando-as como certas ou erradas.
Levados por sua ignorância, os homens estão sempre formulando pensamentos errados, estão sempre emitindo falsas opiniões e, apegando-se ao seu ego, agem erradamente. Consequentemente, eles se entranham cada vez mais no mar de delusões.
Fazendo se seus atos o campo de satisfação do ego, nutrindo a mente de discriminações, anuviando-a com a necedade, fertilizando-a com a chuva dos desejos ardentes, irrigando-a com a obstinação do ego, os homens lhe acrescentam o conceito do mal, e com isso carregam consigo mais este fardo de ilusão.

Na realidade, este corpo de delusão nada mais é do que o produto da própria mente, assim como o são as ilusões da tristeza, a lamentação, o sofrimento e a agonia.
Este mundo de erro não é senão a sombra causada pela mente. É de se notar, contudo , que é desta mesma mente que emerge o mundo Iluminação.

Neste mundo há três errôneos pontos de vista.
Se a ele nos apegarmos, todas as coisas deverão ser refutadas.
Expliquemos. Primeiro, diz-se que toda a experiência humana baseia-se no destino; segundo, afirma-se que tudo é criado por Deus e controlado por sua vontade; terceiro, diz-se que tudo acontece ao acaso, sem ter uma causa ou condição.
Se tudo tem sido decidido pelo destino, tanto as boas como as más ações são predestinadas, a felicidade e a desdita também o são; nada existe sem que tenha sido predestinado. Se assim fosse, todos os planos e esforços para melhora ou progresso seriam em vão e à humanidade não restariam esperanças.
O mesmo se diga quanto aos outros pontos de vista, pois, se tudo, em última instancia, está nas mãos de Deus ou depende da cega eventualidade, que esperança poderá ter a humanidade nesta submissão? Não é de se admirar se os homens, crendo nestes conceitos, percam a esperança, não se esforcem para agir corretamente e evitem o mal.
De fato, estes três conceitos ou pontos de vista estão errados: tudo acontece ou se manifesta, tendo por fonte uma série de causas e condições.

Extraido do livro A doutrina de Buda.

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